Me desculpem os leitores que não são da área ou que sequer consomem notícias, mas gostaria de utilizar este espaço para discutir um problema que envolve os profissionais, os leitores e toda a sociedade.
O Estadão deste domingo veiculou em seu caderno Economia um artigo de duas páginas inteiras sobre o atual modelo que sustenta o jornalismo e as empresas jornalísticas. Quem assina é o ex-editor da revista Times e atual presidente do Aspen Institute, Walter Isaacson, e defende que conteúdo noticioso na internet produzido por veículos impressos deve ser pago.
Walter Isaacson defende um modelo de negócios que permita às publicações o estabelecimento de um vínculo mais forte com os leitores e a preservação dos valores do jornalismo.Me lembro muito bem da burocracia absurda que era necessária para que eu, assinante do jornal impresso, pudesse acessar os arquivos e versões online do Estadão. Hoje qualquer um pode acessar sem pagar nada. Democratização da informação? Pode ser, mas democracia paga as contas e salários dos jornais? Infelizmente não. A idealização é muito bonita, mas nesse caso não funciona. Principalmente porque deixa os jornais altamente dependentes da verba publicitária.
E é aí que reside a grande crítica. É senso comum dizer que os jornais se "vendem" aos anunciantes, deixando de noticiar fatos importantes porque prejudicam os interesses de quem os sustenta. Quem não se lembra do infame caso do Jornal Nacional que "pincelou" alguma informação sobre um derramamento de óleo proveniente de uma das plataformas da Petrobrás a qual, ironicamente, é a maior anunciante do telejornal?
É digno de críticas, claro. Mas, ao mesmo tempo, também é digno de compreensão. A maioria dos veículos impressos brasileiros trabalha com contingente reduzido, fazendo com que um único jornalista faça o trabalho que três outros fariam. O resultado são profissionais estressados, mal pagos, além de muito outros desempregados. Não parece justo que o conteúdo que você lê na internet seja bem recompensado? Afinal notícias não caem do céu, elas são averiguadas, escritas, revisadas, editadas e, por fim, veiculadas.

Se hoje em dia temos o grande sucesso do iTunes que vende músicas por US$0,99, por que não pagar um ou dois reais para ler uma revista inteira? Ou quem sabe uns vinte reais mensais para ter acesso a todas as publicações daquele período? Dessa maneira os veículos contariam com uma verba a mais que os libertaria da obrigação com os anunciantes e preservando, como deve ser, os interesses de seus leitores e sua própria credibilidade.
Eu sou suspeita para opinar. Claro que sou a favor de um sistema assim, desde que apoiado por uma metodologia de pagamento fácil e rápida (o que é não tão difícil assim de se conseguir). Mas e vocês, pagariam para ler notícias e acessar o conteúdo de um veículo impresso pela internet?
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