sexta-feira, 29 de maio de 2009

S.O.S.

Eu tive um pesadelo. Pesadelo? É, pode-se dizer que sim.

Alguém me dizia em um tom acusador, como se eu estivesse à beira da morte: "Você perde mais de 30 seguidores por dia no blog e no Twitter".

Por favor, não me abandonem! A vida real tem me convocado mais do que eu gostaria.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Desconfiança ou descrença?

Realmente essas viagens de ônibus pela cidade têm me rendido ótimas histórias. Como eu costumo dizer: "Certas coisas só acontecem comigo".

Enquanto eu esperava o cobrador terminar o bate papo dele para pagar e passar a catraca, um senhor de pouco mais de cinquenta anos, e que andava com dificuldade, parou atrás de mim e sorriu. Retribui o sorriso e fiz sinal com a mão para que ele passasse e se acomodasse. Ele disse que também precisava esperar pelo cobrador, pois sua passagem é especial de deficientes sendo necessária a validação do cobrador. Foi quando ele me perguntou:

- Quer economizar R$2,30?
- Claro! Como?

- Tenho direito a um acompanhante. Passo você como minha acompanhante e você não precisa pagar.
- Pode fazer isso?

- Sempre faço. Ando muito melhor hoje e não preciso mais de alguém me ajudando, mas o governo manteve esse benefício. Não tem problema nenhum, pode confiar.


Minha cabeça pensava em diversas segundas intenções que poderiam haver ali: assalto, estupro, sequestro, xaveco e por aí vai. Mas, por outro lado, seria bom não gastar R$2,30 por um serviço que não vale nem um real.

- Hoje em dia até pra fazer o bem está difícil - exclamou ele diante da minha hesitação.
- Se o cobrador deixar, então tudo bem. Eu agradeço - respondi ainda não muito convencida.


Você confiaria?

O cobrador chegou e cumprimentou aquele gentil bem feitor. Quando me viu parada ali ao lado o cobrador logo entendeu e me deixou passar. Fiquei mais tranquila. Realmente era um hábito inofensivo do senhor José (nome dele como eu vim a descobrir durante o curto espaço de tempo em que ele ficou dentro do ônibus e fomos conversando). Acho que no final ele só queria um pouco de companhia.

E eu continuei lá, me perguntando: o mundo de hoje está mesmo tão ruim que devemos desconfiar até das mais humildes intenções de um simpático senhor?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Seja sempre um aprendiz

Quanto mais eu vivo, mais eu aprendo que aprendizado não tem fim. Podem passar os anos escolares, a faculdade, a pós-graduação, mas os mais sábios continuam a aprender.

Hoje em dia eu aprendo com as crianças. Aquelas criancinhas internadas na Santa Casa de São Paulo aonde eu faço trabalho voluntário como contadora de histórias. Muitas eu vejo somente uma vez, outras vêm e vão e algumas outras não podem sair de lá. Pois não importa, basta um papel e alguns lápis de cor que o colorido passa pelo papel e contagia o ambiente. Cessa o choro, a dor, o medo. Vem a alegria, a diversão e a superação. E foi preciso tão pouco! - lição nº1

Sendo um hospital público, em sua grande maioria, são tratadas lá crianças mais carentes, com poucos recursos financeiros e histórias de cortar qualquer coração. E o senso comum sempre nos diz que pessoas assim não tem educação, são alienadas, não leem e só apreciam tudo o que vem do populacho. Pois foi preciso só um certo "Dia da Poesia" (14 de março), alguns versos de Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles para despertar verdadeiros intelectuais dentro de cada uma daquelas crianças.

Desde os mais pequenininhos até os adolescentes e seus pais, todos ainda pedem por novas poesias, anotam nomes de livros e prometem que vão ler sempre em casa quando receberem alta. Lição nº2 e para toda a vida: sempre há muito mais por trás daquilo que se vê. É só apresentar a oportunidade que ela brota ali, bem na frente de quem quiser aprender.


Para saber mais sobre o trabalho voluntário que eu realizo, clique
aqui.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Eu e eu mesma

Hoje, às 7:30 da manhã, um só pensamento habitava minha cabeça: "Como as pessoas acordam bem humoradas?". Realmente admiro quem se olha no espelho com os olhos cheios de ramela, o cabelo bagunçado, sentindo o bafo matinal na boca e mesmo assim diz "Bom dia, sol! Bom dia, passarinhos! Tchau, cama quentinha!".

Eu simplesmente não consigo. Talvez a manhã seja a hora mais introspectiva do meu dia. É o momento que eu vou planejar minhas tarefas, organizar horários, lembrar tudo o que eu tenho que fazer e tentar não esquecer de nada. Não sobram neurônios disponíveis para a simpatia, felicidade e papo furado. Em dias como hoje em que eu preciso recorrer ao transporte público para atravessar a cidade a tempo eu vou rezando pra ninguém olhar pra mim.

Esse meu mundo paralelo acontece de tal forma que nem o celular com alto falante ligado tocando música gospel no último volume me incomoda. Contanto que ninguém venha falar disso comigo, louve a Deus e a todos os santos o quanto quiser.

Eu sei que atitudes assim não condizem em nada com a minha personalidade habitual, também não sei explicar. Como dizem por aí: "às vezes necessito ficar só". É mais como um estado de espírito.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Andarilha

Foto arquivo pessoal

Eu sempre fui praticante convicta do sedentarismo, a não ser quando o assunto é dançar. Esportes, academia, suor, blecat! Bem longe de mim!

Também sempre fui adepta do "vou na esquina de carro". Afinal as esquinas localizam-se a uma distância considerável da porta da minha casa, eu fico muito irritada com as buzinadas e assobiadas dos desocupados transeuntes das ruas e meu carro é movido a gás natural. A consciência ambiental não pesa contra isso.

Mas ontem à noite me deu uma vontade de sair andando. Como se fazendo isso eu deixaria tudo para trás dos meus passos. O tempo estava querendo ficar frio e batia um ventinho que me chamava para ver aonde ele estava indo. Pensei duas vezes, já era tarde e sabia que seria dar muita bobeira pro azar. Mas, por incrível que pareça, me falaram: "Vai, você está protegida".

Eu fui. Andei sem rumo pela primeira vez na minha vida. Sem paisagem bonita, sem companhia agradável, sem pensamentos bons e sem motivo. Sentia que o mundo poderia acabar bem debaixo de mim que não fazia diferença, eu estava acima de tudo aquilo. Tinha muita coisa na cabeça sim e continuou tudo lá. Essa história de "dar uma volta para espairecer" é pura mentira, tudo o que foi voltou comigo. Eu só resolvi, pelo menos uma vez, fazer o meu corpo trabalhar junto com a minha mente.

Tomei um sorvete e voltei. Ao todo foram trinta minutos de caminhada. Agradeci por voltar ilesa. Entrei no carro e fui pra casa, mas bem que a andarilha em mim queria ver até onde poderia chegar.

domingo, 3 de maio de 2009

Etiqueta tecnológica já

Se algum dia você acordar pensando: "Hoje quero ver algo que eu nunca vi". Não pense de novo, entre em qualquer ônibus da cidade de São Paulo. Você vai encontrar, no mínimo, uma boa pauta para o seu blog (no meu caso encontrei duas, mas uma delas vai ficar para depois).

Naquele fatídico dia conferi o nome e número do ônibus que me indicaram. Ok, era aquele mesmo, mas só pra confirmar perguntei ao "simpático" cobrador. Peguei R$2,30 na carteira e passei pela roleta. Sentei no primeiro lugar vazio que vi antes que a "delicada" movimentação daquele transporte me fizesse voar corredor abaixo.

Olhei pela janela, admirando o dia agradável que fazia na cidade e ouvi um som familiar: "Lá vem o Chaves, Chaves, Chaves...". Momento poético destruído e começo a procurar a fonte daquele som. Pelas diversas cabeças que faziam o mesmo movimento tive a certeza que a música não estava somente dentro da minha cabeça. Então avistei lá no fundo, sentado na última fileira, uma criatura segurando o seu celular com sinal de televisão que ria histericamente.

Eu daria tudo para naquele momento ser quinze anos mais nova e estar em casa, depois da escola, assistindo Chapolin e Chaves. Mas eu não estava e, sinceramente, não estava afim de ouvir Chaves, já que só o dono do celular tinha acesso às imagens.

E se eu quisesse colocar uma música também pra todo mundo ouvir? E se o fulano do assento do lado quisesse conectar seu celular-televisão em outro canal? Acho que dá pra imaginar a bagunça e tenho certeza que o folgado fã do Chaves também se incomodaria. Mas quem iria me impedir? Se um pode então eu também posso.

A diferença é que eu tive educação. Se estou fora da minha casa, ou do meu carro, carrego comigo os fones de ouvido porque ninguém é obrigado a ouvir o que eu quero ouvir. Mas já que nem todo mundo tem esse mesmo bom senso, defendo aqui a criação de um manual de etiqueta para utilização desses aparatos modernos. Glorinha Kalil, dá um help! Urgente! O povo brasileiro ainda não está preparado para tanta tecnologia.

Aparelhos sonoros sem fone de ouvido está OUT